ARAXÁ - VALORIZAÇÃO ARQUITETÔNICA E URBANÍSTICA DA ÁREA CENTRAL
CONCEITO
Imbiara, palavra indígena, caminho das águas. Dessas águas vem o sal, alimento dos gados que um dia por ali passaram. O minério que vem dos solos aflora nessas águas, medicinalmente conhecidas. Caminhos que se cruzam em torno da água, o bem maior do mundo atual. A água reflete o céu, a lua e o sol. Sol que primeiro é visto desse lugar – Araxá.
A Praça Coronel Adolpho é o berço da cidade, cujo eixo, Avenida Antônio Carlos, nos leva ao caminho das águas. O edifício se insere no contexto, fortalecendo esse eixo. Enterra-se no solo, elevando e valorizando a história. Conduz o usuário à contemplação do genuíno e do original do entorno. Surpreende-o ainda com uma “boa vista” pela Rua Presidente Olegário Maciel.
AVENIDA ANTÔNIO CARLOS
A idéia-força do nosso projeto é o fortalecimento do eixo da Avenida Antônio Carlos: a criação da passarela central remete ao entorno, destacando as visadas que ainda guardam a memória da cidade. Esse percurso culmina na Praça Coronel Adolpho, resgatando seu valor como espaço público de convívio e contemplação.
O trajeto central e livre prioriza o pedestre, criando um fluxo dirigido e confortável, protegido por uma linha arborizada que indica o alinhamento da Igreja Matriz de São Domingos com o Cristo Redentor. Para a desobstrução do caminho e da paisagem, as bancas de livros, revistas, relojoeiros, pontos de táxi e ônibus foram relocados para as calçadas laterais, onde se pretende criar novas instalações para todas essas atividades.
Já quanto ao prédio da antiga estação rodoviária, considerado pelo Conselho de Patrimônio Histórico como descaracterizado e passível de demolição, será proposta a sua retirada. Esse edifício foi construído para abrigar a rodoviária da cidade, porém, subdimensionado, deixou rapidamente de atender à demanda do crescimento da cidade e ficou, durante anos, ocupado por setores da administração pública.
Hoje, os problemas relacionados ao trânsito continuam e são intensificados pelo grande aumento do fluxo de veículos e pedestres. Como solução para esse conflito, além da passarela central, tem-se o alargamento das calçadas laterais e o deslocamento dos retornos dos veículos, excluindo os cruzamentos da avenida com as ruas transversais. Esses retornos recebem o mesmo tratamento da passarela em relação ao piso, sinalizando ao condutor um tráfego lento.
A passarela central termina em um mirante que pousa sobre um espelho d’água, sob o qual se encontra o teatro. O edifício insere-se de forma a privilegiar o entorno, através de uma implantação parcialmente enterrada. O volume que aflora do solo abre-se para uma esplanada, possibilitando a realização de dois eventos simultâneos ou um de maior porte, integrando o interior do teatro e o exterior – a praça.
A praça, então, retoma seu papel de congregar pessoas, tanto os cidadãos araxaenses quanto os turistas, que terão mais um atrativo para conhecer o centro histórico de Araxá.
RUA PRESIDENTE OLEGÁRIO MACIEL (“BOA VISTA”)
O primeiro quarteirão da antiga Rua Boa Vista, também objeto do projeto de revitalização do centro de Araxá, integra-se à Avenida Antônio Carlos ao privilegiar o uso do pedestre e ao criar um ambiente agradável. Exclui-se a poluição visual, ocasionada pela profusão de placas de publicidade, fiação dos postes de iluminação e até pela intensa concentração de veículos na via.
A via, agora, passa a servir ao pedestre, com horários de carga e descarga para os estabelecimentos comerciais. O próprio piso em pedra denota seu caráter restritivo. Não há diferenciação entre calçada e pista, sendo a circulação do transeunte livre. Resgata-se o convívio social e fomenta-se a atividade comercial na medida em que o percurso se torna confortável e convidativo.
A fiação subterrânea faz-se fundamental para a qualidade visual do ambiente. Os novos postes atendem somente à iluminação pública. Eles integram um conjunto de mobiliário urbano, formado por bancos e cachepôs com árvores. Todo o desenho do mobiliário respeita a paginação do piso, cuja configuração é referenciada nos imóveis da via.
O cuidado do projeto está ainda na busca pelas referências histórico-arquitetônicas, como o cinema, o centro cultural e outros bens culturais. Buscamos dialogar com o preexistente e proporcionar a valorização do patrimônio cultural de Araxá.
Arquitetura
Gustavo Penna, Norberto Bambozzi, Laura Penna, Priscila Dias de Araújo, Letícia de Paula Carneiro, Vivian Hunnicutt, Alyne Ferreira, Natália Ponciano, Catarina Hermanny, Alice Leite Flores, Ana Isabel de Sá, Cíntia Honorato Santos, Marcus Martins, Hiromi Sassaki
Gestão e Planejamento
Risia Botrel e Isabela Tolentino
Local
Araxá – Minas Gerais – Brasil
Dados Técnicos
Ano do projeto: 2010/2011
Ano de conclusão da obra: 2013
Área construída: 23.400m²
Fotos
Jomar Bragança